quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Deve um líder reclamar os louros para si?

Foto: pt.uefa.com
Minutos depois de o Benfica vencer o Anderlecht por 3-2, conseguindo a primeira vitória de uma equipa portuguesa no estádio do clube belga, o treinador Jorge Jesus não hesitou em recolher novamente os louros pelo triunfo, considerando que o momento do jogo foi uma decisão sua.
Quando questionado na ‘flash interview’ sobre qual considerava o momento do jogo, o treinador do Benfica escolheu o 87.º minuto, quando, com 2-2, optou pela entrada de Rodrigo, para aproveitar o adiantamento da equipa belga com a velocidade do avançado hispano-brasileiro.
“Hesitei”, mas “arrisquei”, assumiu Jesus, justificando que procurou uma vitória que manteria a equipa com esperanças de continuar na Champions, em vez de defender um empate que garantia a disputa da Liga Europa.
O risco compensou, porque Rodrigo fez o golo do triunfo três minutos depois de entrar em campo, na primeira vez em que tocou na bola. Mas a questão que se coloca é: deve um líder anunciar ao mundo que o sucesso da sua equipa resultou da sua sagacidade, inteligência e coragem?
José Mourinho e Pep Guardiola, provavelmente os dois mais importantes treinadores do Mundo da última década, têm duas frases famosas – “Nas minhas equipas, quando ganhamos, ganhamos todos; quando perdemos, perco eu”, afirmou o português, enquanto o espanhol disse: “Ganhei quatro clássicos como treinador? Não, nós ganhámo-los”.
O antigo presidente dos Estados Unidos John Fitzgerald Kennedy considerava que "liderança e aprendizagem são indispensáveis ​​uma à outra", enquanto o pastor e escritor evangélico norte-americano Max Lucado alerta: "Um homem que queira liderar a orquestra tem de virar as costas para a multidão".
Duas ideias sábias que apelam ao conhecimento, por um lado, e à humildade, por outro. Tal como sábio se revelava o treinador de basquetebol Phil Jackson, 11 vezes campeão da NBA com os Chicago Bulls e os Los Angeles Lakers, quando dizia que "a força da equipa é cada um dos seus membros e a força de cada membro é a equipa".
Andrew Carnegie, empresário e filantropo norte-americano de origem escocesa que viveu nos séculos XIX e XX, garantia que "ninguém será um grande líder se quiser fazer tudo sozinho, ou obter todo o crédito por fazê-lo".
Mais uma boa máxima, tal como esta de Robert Half, fundador de uma das maiores empresas mundiais de consultoria em recursos humanos: "Há algo que é muito mais escasso, algo mais raro do que a capacidade. É a capacidade de reconhecer a capacidade".
Defendendo que "não se nasce líder", Vince Lombardi, o primeiro treinador a ganhar o Super Bowl do futebol americano, em 1967 e 1968 com os Green Bay Packers, assegura que os líderes "são feitos pelo esforço e trabalho duro".
Ou, como diz o filósofo do Desporto Manuel Sérgio, amigo e admirador de Jorge Jesus, "quem só sabe de futebol, de futebol nada sabe". Desconstruindo: além do treino e da tática, no futebol moderno o treinador tem de ser, entre outras áreas, um mestre também na fisiologia, na psicologia, na gestão de recursos humanos e... na comunicação.

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