sexta-feira, 15 de novembro de 2013

As bofetadas de luva branca não se anunciam

António Félix da Costa quer competir toda a temporada de 2013 do FR3.5 para assim poder lutar pelo título
Foto: autoviva.sapo.pt

Uma bofetada de luva branca é uma resposta subtil a uma ofensa. O anúncio de uma bofetada de luva branca é tudo menos subtil e comporta uma dose considerável de riscos - é coisa que uma pessoa avisada não faz.
Sem qualquer conselho, ou mal aconselhado, o piloto português António Félix da Costa caiu na tentação de prometer "uma chapada de luva branca" à mais poderosa estrutura da Fórmula 1 atual, com a qual tem contrato, através da Red Bull Junior Team.
O piloto de Cascais vê uma sua segunda vitória consecutiva no Grande Prémio de Macau de Fórmula 3, no domingo, como uma resposta à Red Bull por ter optado pelo russo Daniil Kvyat, e não por si, para substituir Daniel Ricciardo na Toro Rosso, a sua equipa satélite no Mundial de Fórmula 1. Mas a resposta é qualificada, quase de forma fanfarrona, como "uma chapada de luva branca".
É claro que o português tinha legítimas esperanças para ser o escolhido - nos últimos dois anos fez bons testes para jovens pilotos com a Red Bull e em 2013 foi várias vezes piloto de reserva da equipa de Sebastian Vettel e fez muito trabalho no simulador da escuderia -, mas a decisão pertencia a Helmut Marko e seus pares, que publicamente nunca se comprometeram.
Quando foi anunciada a escolha de Kvyat, de 19 anos, Félix da Costa, de 22, teve uma boa reação: mostrou o seu desalento, mas prometeu continuar a trabalhar e desejou boa sorte ao russo, campeão de GP3 em 2013, ano que não correu bem ao português, ao ser apenas terceiro na Fórmula Renault 3.5 Series, campeonato para o qual partia como favorito.
De então para cá, o único dado novo conhecido foi a explicação de Helmut Marko para a escolha de Kvyat: "Daniil já mostrou que consegue lidar com a pressão, algo que António não conseguiu fazer. E se ele já vacila nas categorias de formação, como seria na Fórmula 1?", disse o patrão da Red Bull Junior Team ao site alemão Auto Motor und Sport.
Em Macau, Félix da Costa reconheceu que, há dois anos, quando não tinha dinheiro para correr em GP3, foram a Red Bull Junior Team e Helmut Marko, que lhe permitiram prosseguir uma carreira internacional a alto nível, mas agora diz que não percebe como é que "não dá o último passo para a Fórmula 1 e continua na família".
A intenção de dar "uma chapada de luva branca" ao patrão mostra imaturidade e pode ajudar a explicar a decisão da Red Bull em favor de Kvyat. A continuação na família pode, por seu lado, ser um tema que Helmut Marko queira abordar com ele depois do Grande Prémio de Macau... onde basta Félix da Costa terminar em segundo para não haver a anunciada bofetada.

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